A viagem foi cheia de animação, com relatos das lembranças de Palma, Cisneiros e Itapiruçu, e quanto mais perto ficava, maior era a ansiedade de todos, e eu só imaginando como seria esse tão comentado lugar.
Foi uma chegada silenciosa, compenetrada... Todos meio atordoados de rever aquele lugar depois de 40 anos. Estupefatos é o adjetivo que melhor traduz aquele momento. Descemos em frente ao escritório da ferrovia e também da casa onde eles moraram e onde também funcionou o cartório do vovô. Fomos à estação, ao armazém. De carro fomos até a praça da igreja onde meus pais se casaram, em 1945. Depois foi a vez de ver o pontilhão de tantas histórias. Em cada esquina uma lembrança e um "causo".
Mas tínhamos pressa. Tomamos o rumo de Itapirussu, e na saída registravam: "Esta é a casa do seu Condomar". Na estrada comentavam: "Aquela é a fazenda dos Corte Real, e era debaixo daquela árvore que o Márcio namorava". E a ponte de concreto, tão majestosa e pouco usada... Lembravam do tempo em que atravessavam o rio Pomba de barco. A igreja de Itapiruçu, que mais parece uma catedral, linda e imponente... Também vimos a casa onde moraram. Voltamos pra Cisneiros, mais lembranças, mais histórias... Viram pouca gente, também era um dia de semana comum, sem feriado. Algumas coisas os entristeceram: a pouca água que corre no Capivara, o abandono do armazém, a imagem do desuso da estrada de ferro e do pontilhão....
Na volta para São João paramos em Palma, onde ainda moram sobrinhos do vovô. Mas a parada foi rápida. E ao chegar em São João fizemos o compromisso de fazer de novo aquele passeio, mas isto nunca aconteceu. Três anos depois minha avó morreu, depois meus pais. Perdeu-se o sentido...
Mas hoje, revendo fotos e resgatando um pouco da história da minha avó, que neste mês completaria 100 anos, revejo também Cisneiros e fico feliz de ter tido a chance de levá-los nessa viagem de 40 anos de ausência a um lugar tão querido.
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