Padre Joaquim Rodrigues Cardoso
O depoimento de Manoel Laxe Gouveia de Mendonça chefiou o "Grupo da Morte" diz ter até mesmo ter utilizado recursos próprios para a missão, com o objetivo de libertar o povo de Palma de um tirano que, segundo ele dava coberta a diversos criminosos. Muitos pontos não ficaram esclarecidos, mas é difícil de se acreditar que tenha agido somente como um libertador, cheio de boas intenções. Embora Firmo de Araújo tivesse influência política, a justiça funcionava em Palma e na região. E Manoel Laxe, pelos depoimentos, nota-se seu objetivo somente seria atingido com a morte. Em um trecho, isenta o padre Joaquim Cardoso:
O reverendo Joaquim Cardoso, meu velho amigo e também vítima de muitas perseguições pelo simples fato de combater com palavras cheias de fé a inqualificável miséria que se alastrava no município. Estava chegando a hora do ajuste, lavando-se assim a vergonha de inúmeros lares cujas lágrimas nunca lhe mereceram um olhar de piedade. Falei ao padre do meu intento. Respondeu-me enérgico que de forma alguma não me cederia a casa por achar que era um sacrilégio. Era uma ofensa a Deus e ponderou-me "seria melhor expulsá-lo do município". Fiz ver a ele que estávamos em diligência na iminência de graves acontecimentos, preciso montar meu quartel-general em sua casa, não tem outra melhor. Não estou pedindo licença, apenas avisando que estou ocupando a casa, e enquanto nela permanecer, ficará no Hotel, com as despesas pagas pelo caixa da Coluna. Mandei que dois de meus homens o acompanhassem, levando também a sua bagagem, com uma carta de recomendação ao hoteleiro. Foi uma violência, porém, necessária. Seria até perigoso alguém se opôr, naquele momento, a efetivação de nossos designos. O padre era uma alma pura e generosa, pediu-me, comovido que poupasse a vida do tirano, não desejava que chegasse ao extermínio.
Era dever do padre Joaquim Rodrigues Cardoso criticar o chefe do executivo por seus atos e atitudes. Manoel Laxe diz que o padre combatia pela "inqualificável miséria que se alastrava no município". Neste trecho verifica-se a falta de conhecimento, pois Firmo de Araújo administrou a fase mais próspera de Palma e esteve à frente a criação do município, não medindo gastos. Fez parte da comissão que construiu a igreja(foi o que mais contribuiu financeiramente), onde o padre usava para criticá-lo. Todos os prédios públicos, que existem até hoje, como a Prefeitura, a Cadeira, o Fórum foram erguidos devido à tenacidade e perseverança de Firmo de Araújo.
Quando Manoel Laxe diz que o padre insistia para que o coronel fosse expulso do município a contradição é clara. O padre sabia como ninguém que Firmo jamais abandonaria a obra de sua vida.
Isto aconteceu há mais de 90 anos e muita coisa não foi registrada e fica difícil de reconstruir o que aconteceu naquele período. Uma coisa é certa: Firmo de Araújo foi vítima de um grupo que uniu o padre Joaquim Rodrigues Cardoso – José Barbosa de Castro Júnior, seu principal adversário – e inimigos políticos da região.
sexta-feira, novembro 24, 2006
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