A trama da morte de Firmo de Araújo

Os moradores do centro de Palma foram acordados na madrugada do dia 06 de julho de 1912 pelo barulho de tiros. Ao amanhecer as ruas estavam ocupadas com homens armados e a população não sabia o que estava acontecendo. Horas depois ficou-se sabendo que os tiros foram de um ataque à casa de Olegário de Araújo Pereira, filho do Coronel Firmo de Araújo. Olegário conseguiu fugir pelos fundos da casa juntamente com uma moça.

O juiz, Dr. Joaquim Rodrigues Seixas ao receber a informação desta movimentação, dirigiu-se à estação ferroviária e telegravou ao Chefe de Polícia do Estado avisando que a cidade havia sido invadida por um bando de homens armados. O juiz obtive a informação de que as lideranças do grupo estavam na casa do padre Joaquim Cardoso. Indo até lá, conversou com José Barbosa de Castro Júnior e obtive deste uma trégua para que não houvesse mortes.

O Dr. Joaquim Rodrigues Seixas dirigiu-se à fazenda da Serra e comunicou ao Coronel Firmo de Araújo o que estava acontecendo na cidade e pediu-lhe que renunciasse. Firmo aceitou a sugestão e a intermediação do juiz para resolver este impasse.

O juiz voltou à Palma com uma carta do compromisso assumido e a informação que o Coronel Firmo de Araújo renunciaria ainda naquela manhã, ficando na fazenda esperando uma resposta da liderança do grupo. Ao mesmo tempo em que estas negociações aconteciam, uma reunião havia sido marcada na parte da tarde na casa do padre, onde o chefe do grupo, Manoel Laxe explicaria os motivos que o levou a invadir a cidade.

Neste reunião estavam presentes José Barbosa de Castro Júnior, Osório de Castro Barbosa, padre Joaquim Cardoso, Dr. Joaquim Rodrigues Seixas, promotor Nicolau da Costa Mattos, entre outros. O delegado de polícia relutou em aceitar o convite e acabou sendo detido.
Manoel Laxe disse que o motivo que o levou a invadir Palma era para colocar fim ao fato de que muitos criminosos, ladrões de cavalo praticavam os crimes na região e na cidade sentiam-se protegidos pelo Coronel Firmo de Araújo e perguntou aos presentes de que lado ficariam. O promotor Nicolau da Costa Mattos em seguida disse que não podia emitir opinião pelo fato de ter um cargo público.

O Dr. Joaquim Seixas relatou que esteve na fazenda de Firmo de Araújo e que ele estava disposto a renunciar ao cargo e também seus companheiros de partido e não se envolvendo mais na política do município. Manoel Laxe descartou esta hipótese dizendo que os crimes cometidos precisavam de punição.

À noite, o promotor Nicolau da Costa Mattos recebe a visita do juiz, Dr. Seixas que lhe mostra a carta com os termos da renúncia que se daria na manhã do dia seguinte.

Anibal Fernandes e Lucidoro Rodrigues Pereira foram à fazenda da Serra avisar Firmo de Araújo que a proposta de renúncia não havia sido aceita. O grupo queria que toda a família do coronel se retirasse do município.

Domingo de manhã, o Dr. Seixas convoca outra reunião na casa do padre Joaquim Cardoso e apresenta uma carta de Firmo que foi trazida por Anibal Fernandes e "exigia, como precisas preliminares de honra, um campo neutro, onde, antes das conclusões definitivas se consumasse o acordo". O local seria a fazenda da Praia e exigia a presença de José Barbosa de Castro Júnior, o padre Joaquim Cardoso, promotor Nicolau da Costa Mattos e o Juiz Dr. Seixas.

Quando acontecia esta reunião, chega Jacintho Barros e disse que todos estavam iludidos, na tal conferência o Coronel Firmo de Araújo viria acompanhado com um bando de homens armados e acabaria com aquilo. Contou que como era vizinho de Firmo, este lhe pediu emprestado dias atrás armas e munições.

O juiz, Dr. Seixas tomou a palavra e disse que isto não era verdade, Firmo viria ao local combinado acompanhado apenas de Lucidoro e o Coronel Jeremias. Então solicitou que o grupo nomeasse uma pessoa de confiança para ir com ele até a fazenda para certificar as intenções de Firmo. Nomearam Anibal Barbosa que foi até lá e voltou à cidade e comunicou a José Barbosa de Castro Júnior que realmente o coronel só estava com as duas testemunhas.

Era uma e meia da tarde e nada de aparecer as pessoas para o encontro, quando aparece João Machado e convida o coronel para ir até Palma para efetivar o acordo.

Firmo de Araújo desce do cavalo e de braços dados com o juiz Dr. Seixas caminha em direção à cidade. Quando passam em frente à Chácara do Mendonça, surge Barroso e pede um particular com o juiz e o puxa pelo braço e neste momento Firmo de Araújo é alvejado por vários tiros que estoura sua cabeça.

A poucos metros dali estavam o coronel José Barbosa de Castro Júnior e o padre Joaquim Cardoso que em seguida é avisado de que a execução partiu de Manoel Laxe. O juiz, Dr. Seixas ficou abalado emocionalmente e teve de ser confortado pelo padre.

Após a execução, Manoel Laxe voltou à cidade e mandou libertar várias pessoas que estavam detidas na casa do padre.

No final do dia começaram o transporte dos cadáves de José Fraga, Padeirinho, do inglês Guilherme, do francês Simoneaux que foram executados pela manhã, próximo da fazenda Monte Belo, todos estes capangas de Firmo de Araújo.

Depois do assassinato de Firmo de Araújo as desavenças políticas em Palma eram resolvidas com violência. Em toda região ficou conhecida aquela luta sanguinária e de muitas perseguições. O capitão João Rodrigues Soares Justo era genro do coronel Firmo de Araújo, fugiu para Juiz de Fora com toda sua família, temendo ser também assasinado. Nunca mais voltou ao município.

O dia 07 de julho de 1912, um domingo, foi dia mais negro na história de Palma.

A paz viria somente em 1929 pela liderança do coronel Antonino Barbosa, pessoa idônea e muito respeitado em Palma e, primo de José Barbosa de Castro Júnior.

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