segunda-feira, novembro 27, 2006

Firmo de Araújo morto

Alvejado por tiros, a cabeça de Firmo de Araújo ficou toda esfacelada e irreconhecível. Seu corpo ficou caido na estrada por dois dias, tanto era o medo causado pelo "Grupo da Morte". As forças militares enviadas pelo Governo do Estado, demoram quase uma semana a chegar em Palma.

No terceiro dia, seus amigos, recolheram seus restos mortais e levaram para a Chácara do Mendonça e depois o sepultaram.

Por anos circulava a lenda de que a sepultura de Firmo de Araújo era amarrada com correntes, pois tempos depois ele havia se transformado em uma serpente e tinham medo de que escapasse. Tudo invenção de seus inimigos que além de eliminá-lo fisicamente continuaram a denegrir sua imagem.

Em 1954, quando prefeito municipal, José de Paula Freitas(Zequinha Roldão), seu túmulo foi construído ao lado de seus pais, o retrato colocado na Câmara e virou nome da rua na saída de Palma para Cisneiros.
A campanha difamatória contra Firmo de Araújo

O assassinato do Coronel Firmo de Araújo em 07 de julho de 1912 encerrou um período longo de batalhas enfretadas por ele no âmbito da política e justiça.

O sub-delegado de Laranjais(atualmente Itaocara-RJ), Otávio Monteiro de Barros em conjunto com um Tenente de Polícia de Cataguases invadiu as fazendas de Firmo de Araújo à procura de criminosos, principalmente ladrões de animais.

Firmo de Araújo os processou e com seu poder político passou a perseguir o sub-delegado que desistiu da carreira na polícia, indo para o Rio de Janeiro onde colaborou para a publicação das várias reportagens que sairam na "Gazeta de Notícias".

As reportagens foram publicadas nas edições de 26, 28 e 31 de março de 1909 e, causou um desgaste muito grande no prestígio político de Firmo. Seus companheiros de partido, Antenor Freitas e Jeremias de Araújo Pereira o defenderam enviando artigos para a própria "Gazeta de Notícias" e jornais da região, conseguindo somente sucesso nos de Cataguases.

Devido a isto é que foi organizada a festa em 01 de julho de 1910, com objetivo de lhe prestar uma homenagem pelo grande trabalho à frente do município e recuperar o prestígio, mas nada disso adiantou, a campanha difamatória continuou, terminando com seu assassinato.

Com isto, percebe-se a força e coragem de Firmo de Araújo, somente conseguiram vencê-lo com sua morte e mesmo assim, com a união de todos os seus inimigos.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Padre Joaquim Rodrigues Cardoso

O depoimento de Manoel Laxe Gouveia de Mendonça chefiou o "Grupo da Morte" diz ter até mesmo ter utilizado recursos próprios para a missão, com o objetivo de libertar o povo de Palma de um tirano que, segundo ele dava coberta a diversos criminosos. Muitos pontos não ficaram esclarecidos, mas é difícil de se acreditar que tenha agido somente como um libertador, cheio de boas intenções. Embora Firmo de Araújo tivesse influência política, a justiça funcionava em Palma e na região. E Manoel Laxe, pelos depoimentos, nota-se seu objetivo somente seria atingido com a morte. Em um trecho, isenta o padre Joaquim Cardoso:

O reverendo Joaquim Cardoso, meu velho amigo e também vítima de muitas perseguições pelo simples fato de combater com palavras cheias de fé a inqualificável miséria que se alastrava no município. Estava chegando a hora do ajuste, lavando-se assim a vergonha de inúmeros lares cujas lágrimas nunca lhe mereceram um olhar de piedade. Falei ao padre do meu intento. Respondeu-me enérgico que de forma alguma não me cederia a casa por achar que era um sacrilégio. Era uma ofensa a Deus e ponderou-me "seria melhor expulsá-lo do município". Fiz ver a ele que estávamos em diligência na iminência de graves acontecimentos, preciso montar meu quartel-general em sua casa, não tem outra melhor. Não estou pedindo licença, apenas avisando que estou ocupando a casa, e enquanto nela permanecer, ficará no Hotel, com as despesas pagas pelo caixa da Coluna. Mandei que dois de meus homens o acompanhassem, levando também a sua bagagem, com uma carta de recomendação ao hoteleiro. Foi uma violência, porém, necessária. Seria até perigoso alguém se opôr, naquele momento, a efetivação de nossos designos. O padre era uma alma pura e generosa, pediu-me, comovido que poupasse a vida do tirano, não desejava que chegasse ao extermínio.

Era dever do padre Joaquim Rodrigues Cardoso criticar o chefe do executivo por seus atos e atitudes. Manoel Laxe diz que o padre combatia pela "inqualificável miséria que se alastrava no município". Neste trecho verifica-se a falta de conhecimento, pois Firmo de Araújo administrou a fase mais próspera de Palma e esteve à frente a criação do município, não medindo gastos. Fez parte da comissão que construiu a igreja(foi o que mais contribuiu financeiramente), onde o padre usava para criticá-lo. Todos os prédios públicos, que existem até hoje, como a Prefeitura, a Cadeira, o Fórum foram erguidos devido à tenacidade e perseverança de Firmo de Araújo.

Quando Manoel Laxe diz que o padre insistia para que o coronel fosse expulso do município a contradição é clara. O padre sabia como ninguém que Firmo jamais abandonaria a obra de sua vida.

Isto aconteceu há mais de 90 anos e muita coisa não foi registrada e fica difícil de reconstruir o que aconteceu naquele período. Uma coisa é certa: Firmo de Araújo foi vítima de um grupo que uniu o padre Joaquim Rodrigues Cardoso – José Barbosa de Castro Júnior, seu principal adversário – e inimigos políticos da região.
A trama da morte de Firmo de Araújo

Os moradores do centro de Palma foram acordados na madrugada do dia 06 de julho de 1912 pelo barulho de tiros. Ao amanhecer as ruas estavam ocupadas com homens armados e a população não sabia o que estava acontecendo. Horas depois ficou-se sabendo que os tiros foram de um ataque à casa de Olegário de Araújo Pereira, filho do Coronel Firmo de Araújo. Olegário conseguiu fugir pelos fundos da casa juntamente com uma moça.

O juiz, Dr. Joaquim Rodrigues Seixas ao receber a informação desta movimentação, dirigiu-se à estação ferroviária e telegravou ao Chefe de Polícia do Estado avisando que a cidade havia sido invadida por um bando de homens armados. O juiz obtive a informação de que as lideranças do grupo estavam na casa do padre Joaquim Cardoso. Indo até lá, conversou com José Barbosa de Castro Júnior e obtive deste uma trégua para que não houvesse mortes.

O Dr. Joaquim Rodrigues Seixas dirigiu-se à fazenda da Serra e comunicou ao Coronel Firmo de Araújo o que estava acontecendo na cidade e pediu-lhe que renunciasse. Firmo aceitou a sugestão e a intermediação do juiz para resolver este impasse.

O juiz voltou à Palma com uma carta do compromisso assumido e a informação que o Coronel Firmo de Araújo renunciaria ainda naquela manhã, ficando na fazenda esperando uma resposta da liderança do grupo. Ao mesmo tempo em que estas negociações aconteciam, uma reunião havia sido marcada na parte da tarde na casa do padre, onde o chefe do grupo, Manoel Laxe explicaria os motivos que o levou a invadir a cidade.

Neste reunião estavam presentes José Barbosa de Castro Júnior, Osório de Castro Barbosa, padre Joaquim Cardoso, Dr. Joaquim Rodrigues Seixas, promotor Nicolau da Costa Mattos, entre outros. O delegado de polícia relutou em aceitar o convite e acabou sendo detido.
Manoel Laxe disse que o motivo que o levou a invadir Palma era para colocar fim ao fato de que muitos criminosos, ladrões de cavalo praticavam os crimes na região e na cidade sentiam-se protegidos pelo Coronel Firmo de Araújo e perguntou aos presentes de que lado ficariam. O promotor Nicolau da Costa Mattos em seguida disse que não podia emitir opinião pelo fato de ter um cargo público.

O Dr. Joaquim Seixas relatou que esteve na fazenda de Firmo de Araújo e que ele estava disposto a renunciar ao cargo e também seus companheiros de partido e não se envolvendo mais na política do município. Manoel Laxe descartou esta hipótese dizendo que os crimes cometidos precisavam de punição.

À noite, o promotor Nicolau da Costa Mattos recebe a visita do juiz, Dr. Seixas que lhe mostra a carta com os termos da renúncia que se daria na manhã do dia seguinte.

Anibal Fernandes e Lucidoro Rodrigues Pereira foram à fazenda da Serra avisar Firmo de Araújo que a proposta de renúncia não havia sido aceita. O grupo queria que toda a família do coronel se retirasse do município.

Domingo de manhã, o Dr. Seixas convoca outra reunião na casa do padre Joaquim Cardoso e apresenta uma carta de Firmo que foi trazida por Anibal Fernandes e "exigia, como precisas preliminares de honra, um campo neutro, onde, antes das conclusões definitivas se consumasse o acordo". O local seria a fazenda da Praia e exigia a presença de José Barbosa de Castro Júnior, o padre Joaquim Cardoso, promotor Nicolau da Costa Mattos e o Juiz Dr. Seixas.

Quando acontecia esta reunião, chega Jacintho Barros e disse que todos estavam iludidos, na tal conferência o Coronel Firmo de Araújo viria acompanhado com um bando de homens armados e acabaria com aquilo. Contou que como era vizinho de Firmo, este lhe pediu emprestado dias atrás armas e munições.

O juiz, Dr. Seixas tomou a palavra e disse que isto não era verdade, Firmo viria ao local combinado acompanhado apenas de Lucidoro e o Coronel Jeremias. Então solicitou que o grupo nomeasse uma pessoa de confiança para ir com ele até a fazenda para certificar as intenções de Firmo. Nomearam Anibal Barbosa que foi até lá e voltou à cidade e comunicou a José Barbosa de Castro Júnior que realmente o coronel só estava com as duas testemunhas.

Era uma e meia da tarde e nada de aparecer as pessoas para o encontro, quando aparece João Machado e convida o coronel para ir até Palma para efetivar o acordo.

Firmo de Araújo desce do cavalo e de braços dados com o juiz Dr. Seixas caminha em direção à cidade. Quando passam em frente à Chácara do Mendonça, surge Barroso e pede um particular com o juiz e o puxa pelo braço e neste momento Firmo de Araújo é alvejado por vários tiros que estoura sua cabeça.

A poucos metros dali estavam o coronel José Barbosa de Castro Júnior e o padre Joaquim Cardoso que em seguida é avisado de que a execução partiu de Manoel Laxe. O juiz, Dr. Seixas ficou abalado emocionalmente e teve de ser confortado pelo padre.

Após a execução, Manoel Laxe voltou à cidade e mandou libertar várias pessoas que estavam detidas na casa do padre.

No final do dia começaram o transporte dos cadáves de José Fraga, Padeirinho, do inglês Guilherme, do francês Simoneaux que foram executados pela manhã, próximo da fazenda Monte Belo, todos estes capangas de Firmo de Araújo.

Depois do assassinato de Firmo de Araújo as desavenças políticas em Palma eram resolvidas com violência. Em toda região ficou conhecida aquela luta sanguinária e de muitas perseguições. O capitão João Rodrigues Soares Justo era genro do coronel Firmo de Araújo, fugiu para Juiz de Fora com toda sua família, temendo ser também assasinado. Nunca mais voltou ao município.

O dia 07 de julho de 1912, um domingo, foi dia mais negro na história de Palma.

A paz viria somente em 1929 pela liderança do coronel Antonino Barbosa, pessoa idônea e muito respeitado em Palma e, primo de José Barbosa de Castro Júnior.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Ecologia

No dia 28 de março de 2003 aconteceu no Rio Pomba um dos maiores desastres ecológicos, divulgado em toda a mídia nacional e internacional. Muitos técnicos disseram na época que a fauna e flora demoraria por volta de 10 anos para ser recuperada. Felizmente isto não aconteceu. Meses depois, já existiam peixes e os danos quanto à vegetação não foram grandes. Na época, o governo estadual prometeu ajudar as pessoas prejudicadas e pelo que sabemos, isto não aconteceu.

Nas proximidades de Cisneiros existem muitas ilhas e a maioria preservadas. E no município de Palma, as matas nativas são poucas, muitas foram destruídas para fazer carvão.

Leia aqui um texto escrito por Deivison Fonseca, nascido em Itapiruçú(MG).

quinta-feira, novembro 16, 2006

Coronel José Barbosa de Castro Júnior

Coronel Zequinha Barbosa

O Coronel José Barbosa de Castro Júnior ficou na história de Palma como um político violento e vingativo. Não deixou nenhuma obra relevante.

Participou do grupo que assassinou o Coronel Firmo de Araújo Pereira. Depois no comando da política mandou matar seu tio e padrinho, o Coronel Silveira Carvalho. Depois quando precisava de maioria na Câmara Municipal, mandou matar Joaquim Fagundes da Costa Júnior, vereador por Cisneiros.

segunda-feira, novembro 13, 2006

quinta-feira, novembro 09, 2006

Guilherme e Simoneax

O aparecimento destes dois cidadãos em Palma é desconhecida, o que se sabe é que Guilherme era inglês e Simoneaux francês.

Por volta de 1910 tinham amizade com os filhos do Coronel Firmo de Araújo Pereira.

Em Miracema, neste mesma época, vários fazendeiros e pessoas ricas, receberam uma carta com uma "mão negra" desenhada e exigindo dinheiro ou seriam assassinadas.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Colaboração para blog

Se algum leitor deste blog tiver fotos antigas de Cisneiros, Palma e Itapiruçú e quiser compartilhar -ou textos com informações históricas interessantes - ou quiser sugerir temas, me envie para o e-mail: joaquimricardomachado@gmail.com.

Estou sempre on-line no MSN e podem me adicionar: joaquimricardomachado@hotmail.com.

Com a colaboração dos leitores é que vamos continuar escrevendo a nossa história!
Firmo de Araújo: o dia-a-dia, a política, amigos e as finanças

No livro "Altivo Linhares-Memórias de um líder da velha província" de Mauricio Monteiro, nas páginas 204 e 205 é publicado um relato de Zilda, a neta mais velha do Coronel Firmo de Araújo. Ela conta que ele gostava muito de flores e sua fazenda existiam muitas palmeiras e um belo jardim com rosas e outras flores que trazia de suas viagens, principalmente de Barbacena.

Firmo de Araújo fazia política o tempo inteiro. Extremamente leal e fiel aos amigos e companheiros. Firme nos seus atos e atitudes, sua palavra muito valor e sua figura muito respeitada. Em sua fazenda existiam muitas árvores frutíferas e despachava carregamentos com jaboticabas, laranjas, etc, para seus amigos em Palma.

Dona Turca, neta de João Rodrigues Soares Justo contava que seu avô grande amigo de Firmo e depois acabou tornando seu genro, recebia também em Cisneiros estes agrados.

Sempre no final da tarde, Firmo voltava à sua fazenda. Ia para a varanda e ficava lendo os jornais que trazia de Palma.

Em sua fazenda, recebia muito bem os amigos e políticos da região e, onde a mesa era farta. Não se beneficiou financeiramente da política, muito pelo contrário. Filho de pais prósperos, fez enormes contribuições para a construção da igreja de Palma. E gastou bastante também na sua luta para transformar Palma em cidade. No final da vida, suas finanças estavam debilitadas e após sua morte, seus bens foram vendidas em hasta pública e os credores receberam parte do crédito, por volta de 16%.
A festa para Firmo de Araújo

No ano de 1909, várias matérias foram publicadas nos jornais do Rio de Janeiro, acusando Firmo de Araújo de estar envolvido com quadrilhas de ladrões de cavalos da região. Para reforçar seu prestígio foi organizada uma festa em 01 de junho de 1910.

Abaixo é reproduzido a matéria que foi publicada no jornal "A Matta", edição Nº 119 de 01 de junho de 1910:

Homenagem ao eminente vulto político Coronel Firmo de Araújo Pereira

Palma, hoje, num belo gesto, como quem mostra sobre o peito uma medalha de honroso apreço, digno de um valor nobilitante, o amuleto de uma afeição entranhada, desvela, no salão nobre do paço municipal, que é o seu Patheon, o retrato do Coronel Firmo de Araújo Pereira. É como instituisse ali seus deuses lares. E bem merece essa prova de carinhosa veneração quem, pelo respeito de seu valor tem se constituido o pretetorado de paz deste município. Não é isso obra fácil.

Só um punho firme, um impulso seguro na orientação da política municipal, seriam capazes do resultado a que se chegou, nos negócios públicos, de um sentir uniforme, calmo, entendido, sem os motivos alternativos das lutas de campanário e pertubadores da marcha do município. E tão poderosa é essa sua influência, tão tutelar é exercida ainda sobre as mínimas coisas, que evoca na sua feitura especial o tribunal chinês, cuja pitoresca denominação de – Thor-Thsa-Yang – o tribunal que vela sobre tudo. Os membros deste colégio usam roupas bordadas e um capacete de ferro; aqueles, para designar as honras conferidas pela sua investidura aos homens notáveis e este, a firmeza, a fria imparcialidade exigidas daqueles que o trazem. Uma bengala pintada de vermelho simboliza a sua função de justiça e ornatos de plumas de cisne branco, que os carros desses censores trazem desde a época dos Thango significa que os fatos ainda leves e de pouca monta não deverão escapar à sua atenção.

E eis como, por um acaso, que sem querer, ajustamos nos emblemas acima a vestidura moral do Sr. Firmo de Araújo Pereira, dando por esta forma a representação simbólica da nobreza de seu caracter patrício, fortemente blindado por uma fibra invencível de estoicismo e abnegação, de sua fria e rígida austeridade, dos seus sentimentos, justos e levantados e da minunciosa análise de seu espírito perspicaz, de grande penetração e longas vigílias. Na data de hoje coincide a do seu natalício, dado, às três horas e 40 minutos da manhã, no ano de 1847, na fazenda da "Mutuca", distrito dos Remédios, município de Barbacena, neste Estado. Filho legítimo do capitão Antônio de Araujo Barbosa, nasceu da exma. Sra. D. Luiza Ermelinda de Araujo, e teve por padrinhos de batismo o Major Manoel Gomes de Oliveira e sua mulher. Seus pais que eram abastados, adquiriram em 1854, neste município, a fazenda Fortaleza e para ali transferiram o seu domicílio. Em 1859, matriculou-se na Escola do professor Bartolomeu Cordovil Siqueira e Mello, em Santo Antônio de Pádua, e nela cursou até 1861 as primeiras letras. Em 1862, matriculou-se no Colégio Victor Renault, em Barbacena, iniciando então os estudos de Humanidades, os quais continuou mais tarde com o professor Tertuliano Turibio de Souza Guerra.

Há quem se lembre, seu condiscipulo, nos tempos em que colegiava em Barbacena, de sua figura distinta, esbelta, de pele alva e fina, como um dos rapazes mais bonitos daquela geração. Datam desse tempo suas relações com o Sr. Dr. Bias Fortes, seu colega de então. Consagrou sua atividade à vida agrária, sucedendo a seus pais no domínio de grandes propriedades agrícolas e constituindo-se senhor de muitas fazendas.

A fortuna que lhe afofou o berço ainda hoje o acaricia.

É um celibatário inveterado. Dizem que essa sua obstinação é devida a ter sido contrariado pelo assentimento paterno, à realização de uma pretensão amorosa. Esse fato dá bem a demonstração da constância de seu ânimo. Entretanto, não levou seus caprichos a contrariar as leis da natureza. Tem grande prole, que lhe herdaria dignamente seu nome e virtudes. Foi no vizinho Estado do Rio que começou a sua carreira política, como subdelegado do distrito de Santo Antonio dos Brotos, hoje, Miracema, após eleitor especial, para as eleições de dois graus, do colégio de São Fidélis, sede a que pertencia aquele distrito e em seguida vereador da Câmara Municipal de Santo Antônio de Pádua. Isso foi pelo ano de 1886.

As balisas que assentava, assenhorando-se do campo, estabelecendo as teias de sua ação, do lado do Estado do Rio, deveriam corresponder outras tantas, da parte de Minas, e desde 1877, o arraial do Capivara, a nebulosa Palma, começou a merecer sua atenção. Fez parte então da comissão construtora da Igreja Matriz e do Cemitério, concorrendo com valioso donativo. No período de sua formação, nos tempos heróicos, o Capivara teve sua Delenda Carthago e foi a abertura da rua que tem hoje o nome de Dr. João Pinheiro.

Um grupo de esforçados patriotas, quais o Coronel Jeremias Freitas, o major Bernardo Magalhães e outros, sustentava a campanha que durou anos perante a Comarca de Cataguases, pois bem: à frente dele estava o Coronel Firmo. O Capivara era, por esse tempo, um reduto da propaganda republicana. Uma fagulha de fogo sagrado, que deveria consumir o trono, ardia oculta nos espíritos que a dirigia. Proclama-se a República. Ele tinha o direito da participação direta e que lhe deveria valer aos seu progresso. O antigo condiscipulo do Dr. Bias Fortes, que era na ocasião o governador do Estado, parte levando uma representação do povo, para em Ouro Preto, e aos seus esforços deve-se ao decreto da criação da Vila, de cujo ato oficial foi o seu portador bem como a nomeação da primeira Intendência.

Instituindo o município de Palma, o infante tinha o direito à essa solicitude paterna, que se prolonga além da geração. Guia, oráculo, inspiração, mentor, ele o foi. O município quis se apoiar diretamente em suas mãos e desde 1900, foi o seu agente executivo, reelegendo-se sucessivamente, nas mesmas funções, até agora e para sempre.

Liberal das antigas milícias, seu espírito está sempre ao serviço das nobres idéias e a isso que se deve o ter logrado realização a fundação do Forum desta Comarca. Alma grande, é o amigo nas ocasiões difíceis. Se alguma vez teve aplicação prática, de maneira completa, inconfudível, sem falha, sem intermitência, evangelicamente, com o um preceito religioso, como um dever, ele o realiza, do provérbio – Fazer o bem, sem olhar a quem.

A hospitalidade que adoça o trinco da porta de sua casa e não se fecham a cadeado, as porteiras de sua fazenda; quem quer lhe mova, tem um amigo. É nesse particular, um mulçumano. E o acusam por isto! ... Entretanto, esse é o segredo do seu valimento, deste prestígio imenso, de suas mãos prodigiosas, a um simples aceno, surgem do chão, legiões. Mais uma consideração, concluiremos.

Filho único de pais ricos, sua vontade foi sempre obedecida, o menor capricho lhe era satisfeito. Contam que, por ver, quando menino, lhe apetecia comer as pernas de uma galinha que ele apontara no terreiro, era ela uma dessas veteranas, poupadas ao cutelo culinário e só reservada ao sacrifício, nos dias das grandes dores da Maitresse, e tanto bastava para ser imolada, sem apelação nem agravo, ao apetite infantil. Aí está como nele se cultivou a vontade persistente, que não deixa modificar facilmente seus propósitos e que em muitos pontos se ajustam, por uma intuição natural, como a de Frederico, o grande rei da Prússia, que, por ter-lhe o pai quebrado nas costas a flauta que uma vez o surpreendeu tocando, cultivou este instrumento até a velhice, e porque aprendera frances às escondidas, foi a língua que escreveu e falou até o fim de seus dias.

Quem lhe estudar o caracter, as tendência, se surpreenderá da semelhança de dois espíritos, na finura de sentimentos, na bravura cavalheiresca e também nos seus defeitos. Para confirmar este conceito, ouvimos dele, uma vez, a consideração, que com aplicação aos seus municípes, reproduzia, sem saber(coincidência admirável") a seguinte adorável frase do rei filósofo: "O meu povo e eu chegamos a um acordo que nos satisfaz a nós ambos. Ele diz tudo o que quer, eu faço tudo o que entendo".
O texto acima, foi transcrito do livro "Altivo Linhares-Memórias de um líder da velha província" de Mauricio Monteiro, Damadá Artes Gráficas - Miracema(RJ) - 1986.
A Matta

No livro de Mauricio Monteiro, "Altivo Linhares-Memórias de um líder da velha provínicia" é reproduzida a capa do jornal "A Matta" de 01 de junho de 1910, quando aconteceu uma festa em Palma em homenagem a Firmo de Araújo, onde compareceram muitos políticos da região.



Pelo reprodução, têm-se a informação que o jornal circulava há três anos estava na edição de número 119 e era um órgão de circulação regional. O redator, J. Cornelio dos Santos do qual não temos mais informações. E este exemplar, pelo jeito o único que restou, foi impresso em tecido.

Alguma coisa precisa ser feita para preservamos a memória e história do município. Palma teve vários jornais e pouca coisa ficou arquivada.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Firmo de Araújo: vítima de uma conspiração política?

Já faz 94 anos que Firmo de Araújo foi assassinado e neste período, surgiram muitas versões. A sua liderança em Palma e região era enorme e ele, pode ter sido vítima de uma conspiração.

Quando Wenceslau Braz sendo presidente do estado de Minas Gerais, queria que o Dr. Astolfo Dutra Nicacio o mais votado deputado federal do estado para continuar na presidência da Câmara. Encontrando resistência em Carangola, Firmo recebeu uma carta particular e confidencial, o encarregando da missão de se reunir com partidários daquela cidade e conseguir que o político cataguasense recebesse a votação.

Firmo dirigiu-se a Carangola e conseguiu um acordo com os coronéis Francisco Novais e Olimpio Machado e incluindo Olimpio Teixeira para deputado estadual. A missão foi bem sucedida e o prestígio político de Firmo de Araújo aumentou.

Nesta mesma época, surgiu uma dissidência entre o deputado federal Silveira Brum e o coronel Vermelho, em Muriaé. O jornalista João Martins, redator do jornal de oposição a Silveira Brum foi assassinado em uma emboscada. Firmo foi a Muriaé e reuniu: o coronel Izaltino, Vermelho, Antônio e Francisco Theodoro e Medeiros. A reunião durou três dias e conseguiu destes, um compromisso por escrito de que não se vingariam, caso Silveira Brum e Freitas Lima desisissem da perseguir e mandar matar seus companheiros.

De posse do documento, comunicou a Silveira Brum que este poderia voltar a Muriaé com toda segurança e que este se responsabilizaria por sua vida.

Silveira Brum chegou a revelar a um amigo:"Preciso de qualquer maneira quebrar o prestígio político de Firmo, no meu distrito porque se ele teve forças perante os meus adversários, para conseguir deles a desistência de vingança da morte de João Martins, se ele entender de intervir na política do distrito contra mim, desaparecerá o meu ideal e prestígio e nem deputado poderei ser".

Aliando-se aos adversários de Firmo de Araújo em Palma, principalmente José Barbosa de Castro Júnior, colocou em prática o seu plano, que culminou em assassinato em 07 de julho de 1912.

Após a morte de Firmo, José Barbosa de Castro Júnior assumiu o comando da política palmense, utilizando de métodos violentos. Assim, preparou uma emboscada onde assassinou seu tio e padrinho, o Coronel José Francisco da Silveira Carvalho, no local de nome "Pedra Branca", entre as estações de Palma e Banco Verde. Passou a perseguir adversários e correligionários. Na eleição para eleição da Câmara, seus adversários indicaram Antonino Barbosa. Como a lei previa que em caso de empate, o candidato mais velho seria preterido.

José Barbosa de Castro Júnior já neste tempo arruinado financeiramente e precisando dos recursos dos cofres do município, arquitetou o plano de eliminar um vereador. Assim, mandou assassinar o vereador por Cisneiros, Joaquim Fagundes da Costa.

Este assassinato culminou o fim na carreira de perseguições, devido o governo estadual ter pressionado para a descoberta dos assassinos. Foi provada a autoria de José Barbosa como mandante do assassinato de Joaquim Fagundes da Costa. Processado e preso, ali sofreu muitas humilhações. Acabou sendo absolvido por um voto. Perdeu todos os seus bens, doente foi morar com a filha e um genro, onde não era visitado nem pelos amigos. Ao falecer foi enterrado em Silvera Carvalho.

Escrito conforme depoimento de Horário de Araújo Freitas e Waldir Freitas, publicados no livro "Altivo Linhares – Memórias de um líder da velha província – Editora Damadá – 1986-Miracema-RJ.
Indicador econômico

A página do INDI-Investindo em Minas Gerais têm informações interessantes sobre Palma. Clique aqui para acessar.

quarta-feira, novembro 01, 2006

As Minas Gerais

Cadastraram este blog no site MinasGerais.net . E com isto fica mais fácil divulgar a história de Cisneiros Palma e Itapiruçú.

Tenho recebido e-mails de pessoas do Brasil e do exterior que encontram o blog, usando a busca do Google.

O importante é que este lugar maravilhoso onde tivemos momentos importantes em nossa vida e que continua em nosso coração, tenha um espaço na internet.

Mapa Palma - 1976