domingo, julho 05, 2009
Embora este blog seja dedicado a história de Palma, hoje vou contar um pouco das lendas e histórias sobre este distrito pertencente a Recreio.
No lugar onde hoje está a sede do distrito de Conceição vivia uma tribo de índios. Contam que Antonio Bernardes da Rocha comprou um pedaço de terra dos índios pagando com uma junta de bois e uma mula brava. O lugar inicialmente teve o nome de Arraial das Taquaras.
Um dos primeiros grandes proprietários de terras, Francisco Antonio dos Santos, depois um dos doadores do patrimônio com três alqueires; Laureano de Carvalho e um tal de Ferreira com um alqueire cada. Anos depois Antonio Bernardes da Rocha doou cinco alqueires.
O primeiro padre de Conceição foi Frei Bento e o segundo Padre João. Padre João era negro e com ele aconteceu o seguinte incidente: ele foi celebrar uma missa na antiga capela e, Antonio Bernardes da Rocha e Antonio J. Tavarergenrodo assisistiam com camisa de manga e, na época considerado um desrespeito. Ao final da missa, o padre João chamou a atenção dos dois dizendo que fossem para ver o Imperador ou o Governador da Província eles colocariam a melhor, no entanto para visitar Deus, vinham de camisa de manga. Antonio Bernardes da Rocha ficou furioso e incitou o povo em voz alta a surrar aquele negro pois este era muito atrevido. O padre João ficou muito aborrecido com o acontecido e resolveu ir embora. Contam que ao sair do povoado limpou a poeira das botas e disse que o povoado não iria adiante. Pela crendice popular isto foi um dos motivos porque Conceição apesar de ser mais antigo que Recreio nunca chegou a tornar cidade.
A matriz fundada em 1861 com uma obra em madeira, com altar-môr coberto de cúpula sustentada por quatro colunas. O batistério tinha um interessante trabalho de madeira.
A igreja passou por reformas em 1924 coordenada pelo padre José Alves Bernardes e outra em 1930 pelo padre Vito Guido.
A primeira escola foi fundada em 1872 por Antonio Maximiliano; a segunda em 1929; a terceira em 1930.
A primeira padaria foi de Silvestre Melido e o primeiro médico a atender, o Dr. Smith.
O primeiro automóvel que circulou em suas ruas no ano de 1919 e a luz elétrica inaugurada no dia 19 de março de 1927.
O distrito teve dois bispos famosos: Dom Prudêncio Gomes da Silva, bispo de Goiás e Dom José Maria Parreira Lara, bispo de Santos.
Em 1870 quando os engenheiros trabalhavam no trecho de Porto Novo a Cataguases projetavam passar por Conceição, mas foram impedidos pelos proprietários da fazenda São Mateus, o que levou os fazendeiros Francisco Ferreira Brito Neto e Inácio Ferreira Brito, proprietários da fazenda Laranjeiras a oferecer a passagem por suas terras. O terreno estava em condições técnicas, o traçado foi alterado e em 1874 inaugurada a estação de Recreio.
quinta-feira, julho 02, 2009
O romance-histórico "O Coronel-O Poder Falível de um Semideus" de Rita Amélia Serrão Piccinini em segunda edição saiu em 2001 pela Litteris Editora do Rio de Janeiro. A primeira em 1998 com o título de "O Coronel e o Grupo de Justiceiros" onde a autora mesmo observa no prefácio, os nomes de todos foram praticamente trocados.
O personagem principal Ciro de Carvalho é Firmo de Araújo Pereira e tudo gira em torno dele. A autora pesquisou, entrevistou muitas pessoas, durante vários anos e guardou os manuscritos só transformando em livro em 1998.
A edição de 2001 foi revisada e alguns tem o nome real. O livro tem 520 páginas, mas de fácil leitura.
Rita Amélia Serrão Piccinini é membro da Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências e lecionou em várias cidades por muitos anos.
Vale a pena a leitura para conhecer um pouco mais este riquíssimo personagem que foi o Coronel Firmo de Araújo.
quinta-feira, junho 25, 2009
A família Freitas está entre as mais tradicionais de Palma e estão desde o início da fundação quando ainda era a Vila do Capivara e sempre participaram ativamente da política do município.

Firmo de Araújo Pereira, data provável da foto 1910
Jeremias de Araújo Pereira - atuou como secretário do Coronel Firmo de Araújo Pereira e eram parentes. A data da foto provavelmente nos anos 20
Ernestina de Araújo Freitas, filha de Jeremias de Araújo Pereira
José de Freitas com a família no Rio de Janeiro, 1980.
Agradeço a Eliane Maria Soares que muito gentilmente nos enviou as fotos. Ela é filha de José de Freitas, irmão de Waldir de Freitas e os dois apaixonados pela história de Palma. Eliane contou que seu pai antes de falecer escrevia um livro sobre Palma. Deixou um manuscrito com mais de 100 páginas. Torcemos que isto seja publicado o mais breve possível.
terça-feira, junho 23, 2009

O prefeito Beto e o vice Zé do Binuca
Carlos Roberto Alvim de Paula, mais conhecido por Beto foi eleito prefeito de Palma em outubro de 2008 com 2290 votos. Assumiu a prefeitura em janeiro tendo a frente enormes desafios e, nesta entrevista que concedeu ao blog fala do trabalho que vem realizando e os projetos para o futuro.
1-Prefeito com seis meses de governo qual a sua avaliação sobre a situação de Palma?
A avaliação que faço sobre a situação de Palma nestes últimos seis meses de trabalho é a seguinte: Palma é uma cidade pequena,mas com dificuldades talvez maiores que de uma cidade de porte maior, tendo uma arrecadação pequena e com muito trabalho a ser feito em todos os setores como saúde, educação, social, agricultura, construção de estradas e pontes, cultura, esporte e turismo, mas com a ajuda de Deus e de todos que confiam em mim, aqui vim para implantar uma política nova para o nosso povo.
2-As necessidades são grandes mas todos sabemos que antes e com esta crise a verba dos municípios é curta, é possível administrar com poucos recursos?
Como disse, as necessidades são muitas em todos os setores e diante desta crise que assola os municípios, temos que ter muita cautela procurando aplicar o dinheiro público, buscando recursos extra-orçamentários(convênios)para melhor atender aos anseios de nosso povo.
3-Palma já teve grandes líderes no passado. Em qual deles se inspirou para entrar na política?
Não foi inspiração, aceitei este desafio procurando me espelhar em um ex-prefeito e saudoso amigo Mário Celso Freitas Pinto que faleceu faltando 16 meses para terminar o seu mandato,não permitindo assim que concluísse todos os seus sonhos e projetos para nossa cidade. 4-Na campanha para prefeito qual foi o momento mais difícil?
Todos os momentos são muito difíceis em uma campanha eleitoral, mas ao assumir este compromisso,coloquei Deus à minha frente para que me mostrasse os caminhos corretos,e procurei respeitar a todos os adversários e principalmente a cada eleitor,e com isto chegamos onde estamos.
5-Em sua administração qual área terá prioridade: saúde ou educação?
A prioridade em que hoje estamos focados para atender as nossas comunidades é a área da saúde, porque se tivermos um bom tratamento neste setor,principalmente para os mais carentes,com certeza teremos também uma boa educação.
6-O governo do estado tem ajudado Palma?
Deus está me proporcionando conhecimentos e amizades muito importantes para a nossa cidade,colocando em nossos caminhos o Secretário de Governo de Minas Gerais Dr. Danilo de Castro, homem que já o admirava e hoje o admiro muito mais, pela pessoa amiga, sincera, positiva e que muito tem feito pela nossa cidade e continuará fazendo. Disto tenho certeza, porque acompanho e vejo o seu carinho e respeito pelo povo da Zona da Mata Mineira. Assim como também,desde os primeiros contatos que tive com o seu filho Dr. Rodrigo de Castro - deputado federal mais votado no estado de Minas Gerais -pude perceber também o seu carinho e interesse em nos ajudar.
Também temos o nosso deputado estadual e amigo Lafayette de Andrada, que durante a campanha eleitoral demonstrou um carinho e um grande interesse em ajudar o nosso povo.
E assim segue a vida:"De uma boa árvore só se colhem bons frutos."
7-E no seu mandato quais são as obras que serão tocadas?
Com o brilhante trabalho de nosso governador Aécio Neves,e com a ajuda do Secretário de Governo Dr. Danilo de Castro,do Deputado Federal Dr. Rodrigo de Castro e do Deputado Estadual Lafayette de Andrada,já nos próximos meses estaremos iniciando obras na área da saúde,como construção da Farmácia de Minas,UBS na comunidade Parque das Palmeiras,pontes nos distritos e zonas rurais,educação,transporte escolar e ,em breve, projeto de casas populares.
8-Qual a mensagem do prefeito de Palma para todos os palmenses espalhados pelo mundo? Mando uma mensagem de carinho e muito respeito a todos os palmenses, hoje morando em várias cidades do Brasil e exterior.Aqui estaremos sempre para recebê-los porque como diz o verdadeiro ditado mineiro:"O bom filho à sua casa retorna!"Um grande abraço a todos e que Deus esteja sempre presente em suas vidas!
Desejamos ao Beto muito sucesso nesta empreitada e agradecemos a atenção dispensada em conceder esta entrevista ao blog.
Agradeço a Daniel Hungria a colaboração para a realização desta entrevista.
De repente me vem a mente uma boa lembrança de quando criança lá em Cisneiros, infância pobre, mas feliz e repleta de sonhos. Sentia saudades sem saber o por que, afinal eu com 7,8 anos sentir saudades? Talvez seria desejos e vontades e ia vivenciando as partidas e chegadas dos trens da REDE FERROVIÁRIA FEDERAL. Meu pai trabalhva na estação e a vida seguia com muita luta e honestidade.
Comecei a estudar no Grupo Escolar São José bem na rua debaixo da linha do trem. Nós moravámos numa casa simples, fria, com janelas grandes, quartos enormes e com cercas de bambú - onde meu pai gostava de ter galinhas, patos, gansos que acabavam na panela e servia como sustento a mim e aos outros irmãos - que alugavam aos ferroviários e já descontavam no salários deles.
Ali comecei a aprender o ABC e já batia a minha bolinha. Sempre gostei de futebol e às vezes os tricolores, botafoguenses e vascaínos persuadiam para que eu torcesse para estes times. Até que tive e ainda tenho simpatias por estes clubes do Rio de Janeiro, capital mais próxima que Belo Horizonte, de onde vivíamos.
Havia uma família com melhor poder aquisitivo que os outros e acabei por conhecer o Marcial. Um garoto esperto,inteligente e já também meio culto, afinal seus pais eram pessoas com mais recursos, embora o pai também fosse ferroviário, mas era o chefe e havia sido transferido para comandar a estação de Cisneiros.Havia estudado no Rio de Janeiro em bons colégios e preparado para a função. Um pessoal muito calmo e gentis mas o Marcial, acabei o apelidando de Miúdinho, pois era pequeninho, com sardas nos rosto, meio gordinho e o dono da bola. Literalmente o dono da bola, pois os tios vinham visitá-lo e trazia PELOTAS de couro como presente.
Foi a primeira vez que vi uma bola, num Natal que eu e minha irmã inventamos de colocar o sapatinho velho e furado na janela, pois esperavámos fielmente que o Papai Noel passasse e traria presentes, afinal as crianças quase todas ganhavam presentes e nosso pai só nos dava goiabada e queijo em nosso Aniversário e Natal!!!
Passou a noite e no outro dia, só decepção! Lembro-me que minha irmã chorava copiosamente, pois a boneca que sonhava não estava no sapatinho; saí prá rua em frente de casa prá ver os velocipedes, bicicletas e brinquedos que os outros ganhavam.
De repente uma turma de meninos se formou e fomos bater bola em frente de casa, na rua onde fazíamos de nosso campinho, nossa diversão diária ingênua e amistosa.
Ao terminar a peladinha, o MIÚDO - (termo que os Portugueses trouxeram para o Brasil e muito usado naquela época ) me presenteou com a pelota. Fiquei radiante de felicidade, emocionado, senti-me importante, afinal o Marialvo, tio dele havia lhe dado outra novinha em folha e ele de bom coração e generoso deu-me o primeiro presente de minha vida. Talvez o segundo, pois o primeiro foi a minha vida.
Mas, horas depois, brincando com o meu irmão a bola caiu em frente a casa de um velho rabugento que não gostava de meu pai ou de minha família, pegou a pelota e furou. Rasgou e jogou na minha cara. Foi frustante e um golpe durissímo, afinal era a minha prenda de Natal, a única coisa que ganhara na vida.
Tive dias amargos e tristes, mas o MIÚDO me levava para frente da tua bela casa, a mais bonita de Cisneiros e ali perto da venda do Sr. Jamil Salum a gente divertia sob o olhar, ora da mãe, ora do pai dele. Foi um amiguinho bem especial que nunca mais o vi, mas não o esqueci. Recordo-o ainda menino daquele jeitinho especial dele.
Acabamos mudando para Manhuaçú, depois Coronel Fabriciano e até que vim para BH. Rodei mundo,mas sempre me vem em mente algumas especiais pessoas e que estão marcada no coração, no peito, na alma, na mente com toda ternura que alguém possa sentir.
A partir dali começei a entender o bem e o mal, aprendi a ser honesto com meus pais, com a influência de pessoas bondosas, simples e trabalhadoras.
Aprendi a torcer para o Atlético...mas aí é outra história que um dia revelo a voces.
Grande abraço e que essa lembrança e saudade do Marcial possa servir de estímulo a todos a aprenderem a recordar o passado e valorizar a amizade que jamais morre,quando se gosta de verdade.
Belo Horizonte, 19 de junho de 2009
Guto de Moura
Visitem o blog do Guto: guttogallo-atleticano.blogspot.com
sexta-feira, junho 12, 2009


terça-feira, junho 09, 2009
quinta-feira, maio 14, 2009
CISNEIROS – LEMBRANÇAS DE UM TEMPO BOM
Por intermédio de meu sobrinho
Minha família. Meu pai Arthur Aarão Corrêa nasceu em Palma e, com vinte e poucos anos, mudou-se para a região de Manhuaçu em busca de oportunidade de trabalho. Possuía sólidos conhecimentos de matemática e português e rudimentos de latim e música, atributos pouco comuns em jovens do interior de Minas àquela época. Por indicação de pessoas conhecidas e após sabatinado pelo vigário que visitava mensalmente o vilarejo de São João do Manhuaçu, foi contratado pelo ex-muladeiro e, naquele momento, próspero fazendeiro e comerciante Joaquim Garcia Sobrinho para ser professor particular de seus nove filhos, de vez que a vila não possuía nenhum equipamento de ensino, quer público ou privado. Entre as alunas, estava a filha mais velha, nascida Maria Garcia dos Santos em 20 de maio de 1909. E não demorou muito, aluna e professor se casaram, ela então com dezesseis anos, adotando o nome de Maria Garcia Corrêa.
Dessa união, nasceram seis filhos. Sou o do meio. Eu me explico. Como sou gêmeo de minha irmã, a professora Marília da Glória Corrêa Baptista, tenho dois irmãos menos novos, a professora Maria de Lourdes
A família se formava e a vila se desenvolvia, com a construção de novas casas e o estabelecimento de melhorias na precária infra-estrutura. A instalação da Escola Isolada “Professor Juventino Nunes” permitiu que minha mãe em 1928 se tornasse uma de suas primeiras professoras. Foram criados os serviços cartoriais de registro civil e meu pai assumiu o encargo de escrivão.
Em
Ministro Maurício Corrêa. Faço menção especial à trajetória de meu irmão
O Jardineiro. A passagem da família por Cisneiros e Itapiruçu foi marcante em nossa vida. Com família grande, os filhos freqüentando colégios em cidades distantes, meus pais se desdobravam para suportar as crescentes despesas, procurando ampliar os parcos ganhos de professora e de escrivão de poucos assentamentos. Transformaram em um incipiente hotel a casa em que residiam na Praça Dona Cecília, em Cisneiros, fornecendo pousada e alimentação a viajantes que freqüentavam a vila. Instalaram o posto telefônico local, daqueles de manivela, em cabine presa à parede, e realizavam os atendimentos e as chamadas a cobrar com serviço de mensageiro.
Minha irmã Lourdes, antes de seu casamento com
Outra preocupação da professora Maria de Lourdes era conduzir os alunos a pensarem o jornal como atividade integrada à vida de cada um, com a idéia de colher assuntos a serem noticiados. Os alunos eram incentivados a participar de concursos permanentes de redação. Os trabalhos eram analisados, recebendo pontuação. Na ocasião da fundação do jornal, o destaque foi atribuído à mesma aluna Rosalina Maria Rola Fagundes Finamore e seu trabalho foi publicado no primeiro número de O Jardineiro.
Finamore. A população de Cisneiros era uma grande e integrada comunidade familiar. As famílias Fagundes e Barandier e as de Adelino Pires, João Moreira, Chico Medina, José Guerreiro, Juca Ferreira, Olímpio Homem, José Panza, Sebastião Formidável, José Titonelli, entre tantas outras, marcaram fortemente nosso convívio. Mas, quero me demorar um pouco sobre a família Finamore, chefiada pela imponente figura de seu patriarca Antonio Josino Finamore, de presença forte, com seus passos arrastados sobre chinelos. Éramos vizinhos. Finamore ocupava o cargo honorífico de Juiz de Paz, integrante da organização judiciária do estado, e mantinha constante contato com meu pai em razão de suas atribuições em atos civis, especialmente os casamentos que celebravam por força de lei. Além do mais, era um exímio jogador de bisca de dois e o parceiro constante era meu pai, em nossa casa. Exercia a profissão de comerciante de arroz e imagino que, se estivesse entre nós ainda hoje, por certo seria um arrozeiro nas várzeas da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, tal seu profundo interesse pela atividade. Era casado com Maria da Agonia Finamore e todos seus filhos, mais de uma dezena, na maioria homens, tinham nomes começados por W. A única mulher, a filha Wanylde, não fugia à regra do W no nome. O nome Maria da Agonia Finamore é o que vem à memória, embora sua neta
Molecagens. Mas, o grande mérito de Cisneiros era a vida simples e despreocupada de seus habitantes. A tranqüilidade só era quebrada quando o Wesley Fabiano, um dos irmãos Finamore, provocava o cego Domiciliano com alguma brincadeira só para ver a esperada reação com palavrões em voz alta. Ou, de meu cunhado Raimundo Cerqueira que nos acompanhou em uma traquinagem para roubar frutas do belo e variado pomar que o dentista prático Condomar possuía no final da rua Niterói, depois da ponte sobre o rio Capivara. Para alcançar o pomar, atravessamos o rio a nado, deixando nossas roupas na margem oposta ao pomar, e subindo nas árvores, especialmente nas mangueiras, iniciamos a coleta das frutas, como sempre fazíamos. Tudo era feito rapidamente para não sermos pegos e sofrer castigo. Mas, a verdade é que o dia do castigo chegou e exatamente quando meu cunhado participou da brincadeira pela primeira e única vez. Ao perceber nossa presença, o senhor Condomar mandou que um empregado desse a volta por dentro de Cisneiros e, sem ser pressentido, recolheu nossas roupas à margem do rio. Foi um vexame nosso retorno às casas, todos nus ou vestindo sumárias e molhadas cuecas, procurando se esgueirar pelos cantos, sob a vista e as chacotas de todos. Eu não vi, mas posso imaginar que o velho e bom dentista, em seu consultório com retratos na parede e a ruidosa broca movida a pedal, estivesse rindo satisfeito pela vingança contra nossas molecagens.
Centenário de Maria Garcia Corrêa. O dia de 20 de maio de 2009 marca o centenário de nascimento de minha mãe. Para celebrar a data, estamos empenhados em promover a confraternização de familiares e amigos em festa que realizaremos em Brasília no sábado, 23 de maio. A escolha da cidade de Brasília se orientou pela disponibilidade de melhor infra-estrutura e por que lá reside grande parte de seus oitenta descendentes. A programação consta de uma missa de ação de graças, a ser celebrada às dez horas, a exibição de um clipe em áudio e vídeo sobre a vida da homenageada, por volta do meio dia e, em seguida, será servido almoço comemorativo na residência dos filhos Alda e Maurício José Corrêa.
São Paulo, 13 de maio de 2 009.
Mauro
A viagem foi cheia de animação, com relatos das lembranças de Palma, Cisneiros e Itapiruçu, e quanto mais perto ficava, maior era a ansiedade de todos, e eu só imaginando como seria esse tão comentado lugar.
Foi uma chegada silenciosa, compenetrada... Todos meio atordoados de rever aquele lugar depois de 40 anos. Estupefatos é o adjetivo que melhor traduz aquele momento. Descemos em frente ao escritório da ferrovia e também da casa onde eles moraram e onde também funcionou o cartório do vovô. Fomos à estação, ao armazém. De carro fomos até a praça da igreja onde meus pais se casaram, em 1945. Depois foi a vez de ver o pontilhão de tantas histórias. Em cada esquina uma lembrança e um "causo".
Mas tínhamos pressa. Tomamos o rumo de Itapirussu, e na saída registravam: "Esta é a casa do seu Condomar". Na estrada comentavam: "Aquela é a fazenda dos Corte Real, e era debaixo daquela árvore que o Márcio namorava". E a ponte de concreto, tão majestosa e pouco usada... Lembravam do tempo em que atravessavam o rio Pomba de barco. A igreja de Itapiruçu, que mais parece uma catedral, linda e imponente... Também vimos a casa onde moraram. Voltamos pra Cisneiros, mais lembranças, mais histórias... Viram pouca gente, também era um dia de semana comum, sem feriado. Algumas coisas os entristeceram: a pouca água que corre no Capivara, o abandono do armazém, a imagem do desuso da estrada de ferro e do pontilhão....
Na volta para São João paramos em Palma, onde ainda moram sobrinhos do vovô. Mas a parada foi rápida. E ao chegar em São João fizemos o compromisso de fazer de novo aquele passeio, mas isto nunca aconteceu. Três anos depois minha avó morreu, depois meus pais. Perdeu-se o sentido...
Mas hoje, revendo fotos e resgatando um pouco da história da minha avó, que neste mês completaria 100 anos, revejo também Cisneiros e fico feliz de ter tido a chance de levá-los nessa viagem de 40 anos de ausência a um lugar tão querido.
quarta-feira, maio 13, 2009
terça-feira, maio 12, 2009
quarta-feira, maio 06, 2009
terça-feira, maio 05, 2009
quinta-feira, abril 30, 2009
Fonte: Arquivo Público Mineiro
sexta-feira, março 06, 2009
quinta-feira, fevereiro 19, 2009
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Hino de São José – Cisneiros(MG) José oh, meu patrono Atende o meu rogar A ti eu me abandono oh Oh vem-me confortar Pai cheio de clemência A...
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Firmo de Araújo Coronel Firmo de Araújo Pereira O Coronel Firmo de Araújo Pereira nasceu no dia 01 de junho de 1847 na fazenda "Mutuca...
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Conversa com Joaquim Batista Sempre gostei de ouvir as histórias contadas pelas pessoas mais velhas. Em Cisneiros ainda existe esta tradição...