Entrevista com Paulo Prazeres
Nesta minha última viagem a Cisneiros, estive em Palma no dia 13 de outubro e no final da tarde deste, estive na casa de Paulo Prazeres para uma conversa rápida.
Dias depois após trocas de e-mails, solicitei uma entrevista e ele muito gentilmente respondeu e é reproduzida no final deste post.
Paulo Prazeres nasceu em Palma(MG) no dia 16 de abril de 1940, filho de Admar de Mattos Ferreira e Euléquia Prazeres Ferreira. Tem três cursos superiores: Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Direito. Possui diploma de catequista. E também tem um pouco de músico e compositor.
Paulo Prazeres participou ativamente da fundação do PT em Palma no ano de 1981 e teve uma atuação muito grande na eleição municipal de 1982. Em 1986 candidatou-se a deputado estadual.
Quando começou a se interessar por política? O que o inspirou?
Comecei a me interessar por política desde os tempos da adolescência, mas com nenhuma atuação significativa. Na área sindical, na década de 60, tive uma pequena participação, sem maiores conseqüências. Antes do PT existir, nos últimos anos da década de 70, fiquei muito interessado com a idéia de uma possível fundação do Partido dos Trabalhadores, principalmente com a possibilidade de se organizar um partido de baixo para cima, ao contrário dos partidos existentes. Eu vivia meio que sufocado e angustiado com os partidos políticos e, como cristão, não conseguia nenhum tipo de sintonia com os partidos até então existentes.
Como foi a idéia de fundar o PT em Palma?
A idéia da fundação do PT em Palma teve como ponto de partida a iniciativa de duas pessoas: Washington Luiz, meu sobrinho e Fábio Luiz, filho do Ribeirinho. Eles se envolveram com várias pessoas em Juiz de Fora e levaram a idéia para Palma, convidando várias pessoas para aquela que seria a primeira reunião do futuro partido. Onze pessoas participaram da primeira reunião para a organização do PT em Palma, estando eu incluído nesse grupo. Participaram da primeira reunião: Washington Luiz, Fábio Luiz, Paulo Prazeres, Luiz Ferreira da Silva Neto, Silvinho, Baixinho, Walter Moura de Oliveira (Dóca), Jésus Geraldo Ferreira e mais três pessoas, cujos nomes não me lembro. Essa primeira reunião não ficou registrada em nenhum livro e nem em nenhuma folha de papel, mas foi uma reunião muito boa e muito importante porque deu início ao primeiro movimento político de esquerda em Palma. Outras reuniões preparatórias foram realizadas durante o ano de 1980, inclusive na zona rural. O primeiro diretório somente foi eleito em 1981.
A primeira eleição disputada foi em 1982 e lembro que ocorreram muitas dificuldades. O que foi mais difícil?
Na eleição de 1982 o PT participou sem nenhum recurso financeiro. Foi tudo muito difícil, com muito sofrimento, muita perseguição tanto da polícia como dos grupos políticos tradicionais. Foram muitas as dificuldades, mas elas não impediram de realizarmos uma campanha cheia de entusiasmo, inclusive com 5 comícios (havia muito tempo que não se fazia comícios em Palma): 1 em Itapiruçu, 1 em Cisneiros e 3 em Palma. Apesar de não elegermos ninguém, nossa atuação foi decisiva para evitar a virada na política em Palma, tão sonhada pela "oposição".
O PT teve importante papel na vitória da oposição em 1988?
A vitória da "oposição" em 1988, a meu ver, não teve influência do PT, ou, pelo menos, não teve influência decisiva. Outros fatores contribuíram de modo mais contundente para que acontecesse a quebra da hegemonia dos fanáticos e reacionários seguidores do antigo PSD, os quais conservaram o poder político por mais de 40 anos, com sucessivas vitórias sobre os também fanáticos e reacionários seguidores da antiga UDN.
Acha que a política em Palma mudou?
Em algumas coisas de pequena importância pode até ter mudado, mas no essencial continua preponderando a mentalidade retrógada das famílias ou dos grupos que se alternaram no poder nos últimos 60 anos, desde a primeira eleição realizada após a queda da ditadura de Vargas.
O município de Palma a cada ano que passa tem sua população diminuída e a economia também em declínio. Acredita que o poder público está preocupado com isto? E o que fazer para rever esta situação?
Com relação às pessoas que estão dominando o poder público municipal não posso dizer se estão preocupadas com o declínio da economia e com a diminuição da população, porque o pensamento das pessoas são invioláveis. Entretanto, se estiverem preocupados, não estão sabendo tomar as iniciativas para tentar mudar a situação. Para rever a situação, melhor dizendo, para tentar melhorar a situação acho que é importante fazermos alguma coisa para melhorar o nível de consciência da população, inclusive, e principalmente, para tentarmos evitar a eleição de gente desonesta e ou incompetente.
Atualmente como está a atuação do PT no município de Palma?
Atualmente o Partido dos Trabalhadores está muito fragilizado. Particularmente não tenho atuado no partido, estando afastado do diretório há mais de 2 anos. Mas se o PT conseguir registrar uma chapa completa para disputar as eleições de 2008, talvez até eu me anime a participar, mesmo com algum sacrifício.
segunda-feira, dezembro 17, 2007
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