segunda-feira, junho 19, 2006

Assombração

Você acredita em assombração? Eu nunca acreditei apesar de muitas pessoas inclusive de minha família contarem que os viram. Minha avó Turca contou-me que certo dia estava na casa de sua sogra à noite e começaram a ouvir gritos de crianças vindos do quintal onde estavam plantadas bananeiras. Sua sogra disse-lhe que eram crianças pagãs e chamou todos a sala para rezarem um terço pelas suas almas. Minha avó jura que a medida em que rezavam o choro foi diminuindo até que sumiu de vez.
Joaquim Batista Ferreira, meu avô também é cético a esse respeito. Ele conta uma estória ocorrida com seu tio Antônio Freitas que gostava muito ir aos bailes e ficava até a madrugada dançando valsas. Certa noite ao voltar para casa notou uma pessoa na garupa de seu cavalo. Desceu e pediu educadamente para o intruso cair fora. O intruso era um fantasma, uma alma penada. Continuou ali, como se não fosse com ele. Então, Antônio Freitas sacou de sua garrucha. Mirou no intruso e atirou. Seu cavalo começou a se debater e caiu morto.
Quando criança minha avó Turca ensinou-me que quando tivesse muito medo e vendo fantasmas, bastava rezar a seguinte oração do “Creio” que o medo desaparecia.
Outra estória contada pelo meu avô Joaquim dizia que Antônio, um conhecido vinha a pé de Palma com destino a Cisneiros à noite pela via férrea. Antônio notou que estava sendo seguido. Deduziu que uma alma de outro mundo o perseguia. Estava com sede e parou para tomar água numa bica. Ao tentar pegar a água com a mão viu a alma tampando o fluxo. Ficou sem tomar água e prosseguiu sua caminhada, e continuou sendo seguido. Antônio mais na frente parou na beira de um rio e com a mão pegou a água e disse desafiando: “agora quero ver você cercar toda esta água”.
Nos dias de hoje, muitas pessoas ainda acreditam em fantasmas, mas eles estão fora de moda. Na verdade, com o advento da eletricidade e com tudo claro à noite, eles num passe de mágica desapareceram.

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Mapa Palma - 1976