Briga política pelos jornais da região

Outro artigo publicado pela Tribuna Popular de 25/03/1915 Nº 24 :

Secção Livre

Palma

A “Gazeta de Leopoldina”, de 16 do corrente em sua primeira pagina, inseriu um noticia referente ao resultado do pleito do dia 14 do corrente, n’este municipio, e, apregoando a victoria dos elementos politicos que obedecem ao bastão do ex-Deputado Brum, avança que um vereador e um Juiz de Paz eleitos, pertence á facção contraria ao cel. Costa Mattos.
Houve lamentavel equivoco da parte da redacção do diario leopoldinense. É demasiado sabido, aqui no municipio, não existir mais facção alguma chefiada pelo cel. Costa Mattos, si bem que o ex-director da politica de Palma, não seja tão máu com querem pintar seus gratuitos adversarios, ponto de lhe negarem o direito que assiste de prestigiar esta ou aquella corrente que dispute, aqui, as posições politicas.
A pensar-se assim prevaleceria ainda o direito da força e da compressão, felismente abolidos de nosso meio, pelo firme proposito em que está o governo em dar um paradeiro a tal estado de cousas. O cel. Costa Mattos, abandonando a posição de chefe em que sê manteve quase dois annos, o fez com honra e guadio, não podendo ser accusado pelo nobre gesto posto em pratica. Quanto ao pleito de 14, porém, nenhum interferencia n’elle teve o cel. Costa Mattos, salvo o ter ido a Cysneiros, onde é eleitor, dar seu voto ao cel. Bernardo Magalhães , candidato á vereança por aquelle districto, onde foi eleito por maioria esmagadora de votos. Mas o que se apura do noticiado da “Gazeta” é que ella mostra-se de toda infensa á politica d’este municipio, sob a chefia do cel. Bernardo Magalhães, a quem o governo do illustre dr. Delfim Moreira confiou a ardua missão de aqui em Palma procurar a congregação dos varios elementos que se debatem e consequente apaziguamento de animos para que o municipio pudesse entrar em um periodo de vida normal de que elle tanto se ressente. É isso que não agrada, não tanto á “Gazeta”, mas a alguns homens de Palma aos que parecem ter uma intenção occulta qualquer, sendo acconselhados á resistencia a todo o transe, para que não percam o bastão de mando que tanto lhes convêm para o trabalho material, sob cuja influencia agem politicamente. Do exmo. Dr. Delfim Moreira, segundo informações fededignas que nos foram ministradas, recebeu o nosso chefe politico de Palma, instrucções do modo pelo qual deveria agir. Consta-nos tambem que os deputados federaes Ribeiro Junqueira e Astolpho Dutra assumiram perante eminente presidente do Estado, solemne compromisso de não intervirem, directa ou indirectamente em Palma, deixando que o governo agisse como melhor lhe aprouvesse, no sentido de modificar a situação angustiosa do municipio. Se o dr. Astolpho Dutra tem respeitado integralmente seus compromissos, não se dá o mesmo quanto ao seu collega Ribeiro Junqueira, que por todos os meios e modos, especialmente pelas columnas da “Gazeta de Leopoldina”, incita constantemente os homens ingenuos de Palma á rebeldia, ao ponto de apregoarem estes o nenhum valor official das credenciaes conferidas ao cel. Bernardo Magalhães. É contra isto que protestamos, chamando para o caso a attenção dos altos poderes de Minas. É ainda a “Gazeta” do dia 16 que, apresentando o resultado das eleições municipaes de 14, dá como eleitos, d’entre seus amigos, um vereador por Cachoeira Alegre e um Juiz de Paz pela cidade, quando é sabido que por aquelle, districto o cel. Bernardo Magalhães não apresentou candidato algum, sendo seu nome alli suffragado com alguns votos, por iniciativa de um grupo de amigos seus, sem alguma interferencia sua. E, pela cidade, com o louvavel intuito de harmonia e pacificação elle recommendou o nome do sr. Antonino Barbosa de Castro e Silva, para o cargo de 3º Juiz de Paz e não Antonio Barbosa, como disse a citada “Gazeta” tendo aquelle declarado antecipadamente não acceitar o cargo, qualquer que fosse a origem d’onde partisse a indicação de seu nome. Por Cysneiros, sim, foi o cel. Bernardo Magalhães apresentado á vaga de vereador especial, o capm. Tancredo Souto, seu amigo, para a de 1º Juiz de Paz sendo ambos, eleitos por maioria esmagadora de votos.
Porque não se referia a “Gazeta” á eleição de Cysneiros ?
Não seria mais conveniente que os homens de responsabilidade na situação do Estado, notadamente na zona da matta, deixassem Palma em paz e entregue á nova orientação que vai imprimindo o nobre governo do Estado?
Pelo menos é mais humana do que a arcabuzeira, aqui iniciada há cerca de trez annos. Não há duvida; é muito mais humana.
C.Peão

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