segunda-feira, junho 19, 2006

A briga política pelos jornais

Publicado em 25/04/1915 no jornal “Cataguazes”, nº 29

Secção Livre

Politica de Palma

Ao conspicuo Estylete

(Muitos homens persuadem-se que a verdade é aquilo que elles dizem e a justição o que elles fazem). Sabedoria, etc ...

Na “Gazeta de Leopoldina” de 6 de Abril de 1915, em correspondencia firmada pelo pseudonymo “Estylete” sou atacado na minha personalidade, bem como o Cel. Jeremias Freitas, quando, mas minhas cartas, tenho tratado, única e exclusivamente, de caso politico de Palma, jamais encaminhando, aliás procurando desviar a politica do terreno pessoal, em que “Estylete” a todo o transe a quer collocar. Não responderia, como a anonymos, mormente dos da especie de que se trata, eivado de pseudophobio agudo(medo morbido de qualquer coisa que não causa dôr nem molestia, mas que so desgosta, C. de Figueredo, pag. 380). Há casos, porém que podem mas que as Leis ...
Mas ... sabem os senhores que me leem, qual é o significado de “Estylete”? O mesmo C. de Figueredo, á pagina 567, diz: Estilête, m. (este m., parece-me, quer dizer masculino; mais eu penso ser Epiceno o Estylete, de que tratamos, por ser escripto com y,) instrumento de aço delgado e ponteagudo especie de punhal; instrumento cirurgico para sondagem de feridas, etc.
Eis ahi porque no desempenho de sua triste missão, “Estylete” desata a estilar C. de Figueredo, citado, pag. 567: ferir; espiaçar; torturar) a torto e a direito; não calculando elle na conta de ser repellente em que o tomamos, mais digno de figurar (e é esse o seu verdadeiro logar,) nos residuos hospitalares, dado o fim para que é destinado: para sondagem de feridas, por caridade! Perdoando o cacophaton, tambem,) pustulas malignas e congeneres. Diz, “Estylete” que sou pessoa muito conhecida n’esta cidade, aqui nascido e creado, empregado em misteres de cosinha, musico, etc e, por fim, lavador de cães! Ora “Estylete” eu não sei se trato de cães e cães! Nas minhas cartas, como acima o disse, tratei única e exclusivamente de politica e não da vida privada de quem quer que seja, como o senhor, agora, acaba de dar o triste e lamentavel exemplo envolvendo o prestimoso Cel. Jerimias Freitas, que só no conceito perfido de Estylete, é tido como triqueiro avançador,etc, sendo seu defeito único ter sido e continuar a ser o director espiritual da grande e honrada familia Freitas, d’este municipio: é o seu crime. Faça, pois, “Estylete” como eu: descubra-se; tire a mascara do anonymato e venha, de viseira erguida, discurtir pela imprensa o caso politico de Palma, não se immiscuindo na vida particular de quem ou por desfastio, ou pelo muito desejo que tem em se applicar a qualquer mister, procura não ser pesado á sociedade, muito mais nobre humanitario, por certo, do que andar a espingardear, no meio das ruas e por detraz das caixas d’agua, os incautos, aquelles que não se submettem ás arremettidas de truões (veja C. de Figueredo, pag. 654).
Assentou-lhe muito bem o pseudonymo “Estylete” e, de certo, como já terá padrinho de baptismo, lembro-lhe que, por occasião de chrisma, deve accrescentar ao seu lindo nome, o sobrenome de “Estilita” (ainda C. de Figueredo, pag. 567; anachoreta, que formava a sua cella sobre pórticos ou columnas em ruinas (o grypho é meu,) o que, então, ficaria ouro sobre azul, que mais condizia com a situação actual. Não concorda? Pois nada pagará pela lembrança; antes, concluindo, offereco-lhe esta quadrinha, que se destina a suavisar a agrura que, porventura, tenha notado na minha tosca mas sincera linguagem. Eil-a:
O “Estylete”, estilou! ...
(Pois é seu fado ... estilar !)
E á força de ... estyletar,
No seu estilo ... borrou!
Ite missa est.
E ... desculpe; mas vá comendo essa emquanto fica a cosinhar a outra, o seu mestre culinario e criado.

Palma, 7-4-915
Targino Peira da Silva

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