O desbravamento desta região deveu-se a Guido Thomaz Marliére. Affranio de Mello Franco em sua obra “Guido Thomaz Marliére” escreve que ele deve ter nascido por volta de 1768, na região da Alsacia ou Lorena, na França. Esta dedução deve-se ao fato de preferir nomes alemães para designar lugares e aldeamentos.
Ao contrário do que já se escreveu, Guido Marliére não veio para o Brasil em 1808, junto com a Família Real e sim em 1807 na Corveta de João Marcos Vieira Araújo, para o Rio de Janeiro e depois para o Rio Grande do Sul, onde serviu no posto de Alferes da Cavalaria Ligeira. (Fonte: Pesquisa e notas de G. P. Araújo, documentos inéditos, publicado na Revista Chico Boticário - Ano I - Nº 1.)
Em 16 de março de 1813 foi nomeado tenente-agregado para os serviços dos índios, conforme portaria expedida pelo governador da provínica, Conde da Palma e na mesma obra de Affranio de Mello Franco escreve:
em que este mandou que elle partisse para o districto e Aldea S. João Baptista, hoje cidade de Rio Branco, afim de convocar os indios e averiguar os motivos e razões de suas queixas, assim como procurar, sem violencias que se lhes restituissem as terras injustamente occupadas pelos portuguezes e, finalmente, verificar o fundamento das apresentações dos ditos indios contra o vigario da Freguezia, accusado por elles de não ser prompto na administração dos sacramentos e de os ter reccusado a muito delles, principalmente o do baptismo.
A 07 de setembro de 1818 foi designado para inspecionar a 1ª e 4ª Divisões do Rio Doce e de estabelecer postos militares com fortificações passageiras nas margens do dito rio para defender os colonos dos ataques do botocudos.
Recebeu muitas condecorações pelo seu importante trabalho, realizado sempre com muita dedicação e zelo. Casou-se com Dona Maria da Conceição Marliére em Portugal, da qual não se sabe a data
Pelas descrições, Guido Marliére era um homem de estatura elevada, corpo regular, olhos azuis, cabelo loiro já branqueando, nariz de fidalgo, mãos finas, dedos compridos, falar arrogante mas tratável e com idade aproximada de 60 anos quando faleceu. Era excessivamente caridoso com os viajantes a quem dava pousada e alimentação. Guido comandou a abertura da estrada de Presídio(atualmente Visconde do Rio Branco) até São Félix(atualmente Santo Antônio de Pádua) , que passava por Cisneiros. Abriu também a estrada até Muriaé e depois Patrocínio do Muriaé, auxiliado pelos alferes João do Monte, capitão Gonçalo Gomes Barreto e outros.
Tinha como residência o Quartel de Guidoval, antiga fazenda “Serra da Onça” e o Dr. Manoel Basilio Furtado esteve lá em 1924 e assim descreve:
A sua casa de morada era pouco alta; porém muito larga e estava uma planicie estreita entre a serra da Onça e o Rio Chopotó; o Quartel onde se recolhiam os soldados e indios era entre o dito rio e a estrada que vae hoje do Sapé a estação de D. Euzebia e ao Porto de S. Antonio.Guido Thomaz Marliére faleceu entre 1836 ou 1837, sendo enterrado assentados em um cadeira, com honras indígenas. Junto ao corpo colocado duas garrafas de vinho e pão. Tempos depois seus parentes queriam levar seus restos mortais para a França, mas sua esposa não autorizou. Teve somente um filho adotivo, o cadete Leopoldo. No cemitério onde foi enterrado em Guidoval, também foi enterrado tempos depois, sua esposa.
O dr. Augusto de Lima em seus escritos o chama de “Apóstolo das selvas mineiras”. Além de abrir as estradas, pacificar os índios, fundou várias cidades e entre elas a de Cataguases.
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