quarta-feira, julho 26, 2006

Cisneiros Belém de Deus

Se posso falar, falarei de seus morros frequentados por siriemas açanhadas, extrovertidas e barulhentas.

Se posso falar, falarei de suas mangueiras cacheadas de flores amarelinhas, tocadas gentilmente por abelhas e aqui e ali beijadas por beija-flores contentes e ligeiros.

Se posso falar, falarei de suas jabuticabeiras carregadas de frutos frequentadas por maritacas intrometidas.

Se posso falar, falarei dos quintais povoados de canas de açucar e por galinhas e frangos descontraídos e felizes.

Falarei ainda do Rio que flue sorrateiro atrás do morro da igreja cujas águas qual Pomba elegante observa transeuntes solitários passeando na linha do trem abandonada faz tempo.

Falarei da Estação da Força e Luz - somente lembrança curta de uma memória insistente que vê além de uma casa plantada alí com um quintal repleto de fruteiras.

Falarei da Estação do Trem - sua base resiste firme e sua calçada de grandes pedras permanece sólida - de quem permanece e vaza os tempos e se mantém resistente enquanto os anos passam e leva vidas, memórias e história.

Falarei do Armazém de Café - CASEMG - qual fortes paredes cercam segredos e histórias não contadas.

Se não puder mais falar ainda assim falarei de sua gente amiga e simples que leva a vida com honra, alegria e festa.

Falarei da sabedoria de seus velhos, da paciência de suas mães, do sorriso das crianças e da força dos homens que ainda cultivam o solo e extraem o leite das vacas.

Falarei de ti, Cisneiros, minha Belém, singela cidade pequena: fostes criada por Deus e és amada por Ele e por todos quantos mesmo distantes jamais esquecem de ti.

Escrito por Josimar Salum

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