segunda-feira, julho 10, 2006

Dona Turca

Dona Turca ao lado sua neta e do outro Manoel, seu sobrinho que a visitava todo ano

Adorava café. Todos os dias levantava-se cedo para fazê-lo. Ao chegar uma visita ou alguém a negócio na venda do seu filho Sinval, vinha oferecer o seu adocicado café. Viveu até os 90 anos.
E como gostava de contar histórias, muitas sobre seus parentes e Cisneiros, onde nasceu e passou toda a vida.
Quando mocinha alguém disse que era linda e parecia uma turquinha e daí ficou este apelido..
Quantas noites, principalmente de verão, sentados ao terreiro, ouvíamos as histórias e de tempos em tempos era oferecido o tão famoso café.
Reclamou a vida toda de uma dor de cabeça, da qual apesar de consultar vários médicos nunca encontrou-se a solução. Depois que quebrou a perna, por mágina a dor desapareceu. Ela mesmo me contou que não sabia como aquilo tinha acontecido e um dos médicos lhe disse que como agora o problema maior era a perna, a dor na cabeça deixou de existir, substituiu por outro problema. Do seu jeito sempre irônico, disse que o médico não sabia de nada.
Ao visitá-la um ano antes de seu falecimento, já bastante surda, não deixava de ficar contando as histórias do Firmo de Araújo, sobre seu bisavô que havia casado com a filha do tirano e ainda diziam que com esta nova esposa seus ternos que antes eram um primor de limpeza viviam ensebados. Podia-se perguntar sobre qualquer pessoa, ou qualquer família de Cisneiros que sabia de onde viam, sua descendência entre outras tantas coisas. Uma pena não ter registrado tudo isto.
Uma memória prodigiosa que funcionou até mesmo quase na hora da morte, como contou minha mãe. Tinha feito um tapete para certa pessoa e no hospital nas últimas, explicou onde estava e pediu para este fosse entregue sem falta.
A homenagem a Dona Turca é justa, afinal, preservou sua história e de muitos utilizando a sua mente e a sua maneira, passou isto à frente. Dona Turca, minha querida avó, uma das maiores colaboradoras deste blog. Muita saudade!!!

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